Embora ainda faltem muitas informações para uma avaliação quantitativa das principais variáveis da economia no ano recém findo, tivemos alguns resultados positivos em termos de crescimento e emprego, apesar de contrapostos ao desempenho fiscal negativo e ao impacto sobre as expectativas.
No plano político, contatou-se uma forte deterioração do quadro institucional, devido ao comportamento tanto do executivo e do legislativo e, especialmente, do judiciário.
O executivo, além de seu desempenho negativo em relação às contas públicas, apesar de aumentos da tributação, não cumpriu as metas fiscais no ano passado e, tudo indica, não cumprirá também a deste e do próximo ano. O mais grave é que a conduta do governo cria um clima de insegurança e incerteza, que, seguramente, terá reflexos sobre o desenvolvimento. Do ponto de vista institucional a ocupação das estatais para atender a fins políticos, enfraquece as instituições, que devem ser as balizas para limitar os poderes dos governos.
O Congresso, por sua vez, preocupa-se mais em controlar o orçamento e aumentar seu poder de negociação com o executivo, do que em defender os contribuintes e os cidadãos.
Quanto ao Judiciário, as decisões monocráticas dos juízes do Supremo, independente do mérito questionável de muitas delas, criam um ambiente de insegurança jurídica, que se agravam com ameaças aos direitos fundamentais dos cidadãos, como a liberdade de expressão.
Esses desafios na área institucional, certamente tem reflexos negativos na economia, especialmente em relação a investimentos, e podem prejudicar algumas das inúmeras oportunidades que o Brasil apresenta no campo econômico, mas que dependem de regulações adequadas e segurança jurídica.
Talvez nos mais de dois séculos de País independente nunca o Brasil nunca tenha tido uma conjugação tão favorável de fatores e circunstâncias, para que o País possa superar a “barreira da renda média” e resgatar o enorme passivo social que se acumulou por décadas e se agravou com a pandemia.
É verdade que tivemos avanços significativos em alguns períodos, mas ficamos longe de realizar aquilo que o imenso potencial do país permitiria. Também é certo que muitos dos problemas que no passado impediram o aproveitamento pleno dos recursos naturais e humanos do país ainda persistem. Patrimonialismo e o corporativismo, que resultam no
intervencionismo, burocracia, ineficiência e concentração da renda. Por isso, o País ficou velho, antes de ficar rico, com uma concentração da renda inaceitável, e uma dívida social enorme a ser resgatada.
O Brasil precisa, e pode, crescer não apenas rápida e fortemente, mas com inclusão social. Aumentar a produtividade é a solução, o que exige investir em pesquisa, tecnologia e inovação, combinadas com a melhora da educação, da saúde e das instituições.
A carência de recursos humanos preparados para os novos tempos precisa com urgência de um projeto de curto e de médio prazos para formar técnicos de nível médio e superior para o mundo da tecnologia.
No tocante a recursos naturais, o Brasil é privilegiado para se desenvolver rapidamente. Possui condições para tanto: território extenso, abundância de recursos naturais e população expressiva. Basta mobilizar esse potencial enorme, aproveitando as oportunidades que a situação internacional, e as circunstâncias internas oferecem.
O cenário internacional, devido a razões políticas e às próprias exigências criadas pelo desenvolvimento é preocupante com relação a situação mundial de alimentos, e com a crise ambiental e, em decorrência, agravou os problemas de energia nos países desenvolvidos, especialmente da Europa.
As necessidades, e os preços da energia limpa vão subir de forma significativa. As fontes alternativas de energia, vão depender de minerais não metálicos, cujos preços já subiram fortemente.
Nesse cenário o Brasil está em posição privilegiada, seja na produção de alimentos, podendo vir a ser o celeiro do mundo. Além das safras crescentes, ainda dispõe de terras degradadas equivalentes à plantada atualmente, o que lhe permitirá dobrar a produção, sem necessitar desmatar novas áreas.
A Amazônia, com seus gigantescos problemas oferece possibilidades imensas para soluções que conciliem a proteção do ambiente com a exploração racional das riquezas de seu bioma. São inesgotáveis as possibilidades de soluções ambientalmente sustentáveis para transformar essa região em fornecedora de produtos típicos desse bioma em atividades rentáveis. A mineração, com regulamentação e fiscalização adequada também pode ser alternativa para ocupar a população da região.
O Brasil possui imensa quantidade de água, que segundo muitos especialistas será o bem mais escasso e valioso. Temos sol, vento e um mar tranquilo que, com o avanço da tecnologia, nos permitirá produzir energia eólica e solar e nos dará condições excepcionais para produzir o hidrogênio verde, que, complementado com o álcool e o gás, criará
condições para o Brasil liderar a produção de energia limpa no mundo.
Além das existentes na Amazônia, possui em outras regiões, reservas dos principais minerais demandados, como cobre, lítio, nióbio, níquel e outros, e é possível, com uma legislação adequada, explorar esse enorme potencial e, como dizia Roberto Campos, transformar recursos em riquezas.
Devemos usar a energia limpa, em um primeiro momento, para aumentar o valor adicionado da agroindústria, da mineração e de produtos industrializados, de forma sustentável, para no futuro, exportar a própria energia.
Tudo isso é um patrimônio imenso que precisa ser explorado a partir de fazer um grande Projeto de Nação, que vise acabar com miséria e a pobreza, crescer com inclusão e oferecer à juventude perspectivas de progresso material e social.
Para isso é preciso que que as instituições funcionem normalmente, para dar segurança aos investidores e aos empresários em geral e que, autoridades em geral, lideranças e grupos sociais organizados procurem pacificar a sociedade, para de forma cooperativa, se unir na tarefa de construir o Brasil do amanhã.
Crédito imagem: Freepik
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