Odorico Paraguaçu, o “BEM-AMADO” convocou a Câmara dos Vereadores para relatar sua viagem à capital para um Seminário sobre A Reforma Tributária em discussão. Eis parte de seu discurso, como sempre longo, e com suas metáforas e exemplos pitorescos.
Senhores membros e senhoras membras destra egrégia Câmara, que muito contribui para a pujança desta cidade que é uma das mais importantes do Brasil. Participei na semana passada do Seminário de três dias sobre a Reforma Tributária que está sendo discutida em Brasília e, confesso não entendi muito do que se falou, mas ainda não decidi que aqui em Sucupira não vai ter isso não. Dei três dias de prazo para nosso secretário Dirceu Borboleta estudar o assunto e fazer os cálculos para ver se é bom para a nossa cidade. Depois desse prazo ele perdeu até a gagueira para dizer que não calculou nada porque não conseguiu entender muita coisa, mas que ia continuar estudando. Acho que essa reforma vai ser muito moderna porque tem 499 artigos e mais 17 tabelas e ainda, dois nomes estrangeiros que eu com meu conhecimento enciclopédico vou traduzir para vocês.
Tem um tal de “spit paiemente” que, pelo que eu entendi, significa que quem vender qualquer coisa tem que tirar uma tal de Nota Fiscal com bastante número, e pagar o imposto, mas o dinheiro não fica em Sucupira, vai pra Brasília, num tal de Comitê Digestor que vai fazer um monte de cálculo e depois de uns tempo é que nós vamos ver quanto vai sobrar para nós. O seu Manoel da Farmácia diz que já recebe essa tal nota, mas não sabe o que fazer com ela. Tem uma porção de coisa que eu não entendi, e até pedi para nobre vereadora Dulcinéia Cajazera que me acompanhou nessa viagem para melhorar a integração do prefeito com a Câmara, que diz que está muito desconfiada de mandar o dinheiro para Brasília, porque lá depois que entra no caixa ninguém sabe o que acontece.
A outra novidade nova, é o tal de “quechebeque” que deve ser bom porque já vi essa palavra numa loja da capital, e que par mim, significa um “troco” que a loja dá para quem compra. O que me preocupa, assim com a ilustre vereadora Cajazera, é o “troco” também vai para Brasília onde vão fazer uns cálculos que ninguém entendeu para depois devolver através do Banco. Num sei como vão mandar o dinheiro lá de Brasília pro Banco quando for só umas moedinhas. O que preocupa também é que todo mundo vai ter de fazer a tal Nota Fiscal com um monte de informação. Diz que só pobre vai receber esse “troco”, mas como não temos pobres em Sucupira alguém vai ficar com esse dinheiro.
Tem também uma tal de “cesta básica”, que não paga o imposto, mas tem outra “cesta” com desconto e o seu Joaquim do Armazém vai precisar saber o que tá numa “cesta” e o que tá na outra. Quem vai pagar o imposto é um tal de “sujeito passivo” que aqui em Sucupira não tem nenhum.
Outra preocupação é que criaram um tal de “imposto do Pecado” que as irmãs Cajazera, com sua pureza apoiaram, mas o Zeca Diabo já avisou que nas dama da Candinha ninguém mexe.
Esse, Senhores e Senhoras dessa ilustre Casa sucupirense, um resumo da semana na Capital, onde aproveitei também para fazer muitos contatos políticos, pois dizem que a melhor parte dessa reforma é o governo vai distribuir muito. O coronel Bentinho que é muito relacionado com os homens de Brasília para ver se descola alguma grana para nós.
O que ele não soube explicar é de onde vai sair esse dinheiro do governo, porquê toda vez que eles distribuem algum dinheiro é porque já tiraram antes do povo.
Crédito imagem: Novela "O Bem-amado" (Divulgação/TV Globo)
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